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domingo, 1 de maio de 2022

Guiné 61/74 - P23217: 18º aniversário do nosso blogue (9): Carvalhido da Ponte, Rádio Alto Minho, 29/7/2021: em louvor de Otelo, e em memória do Manuel Bento, ex-fur mil, CART 3494, Xime e Mansambo, 1971/74 (Ponte Sor, 1950 - Xime, 1972)


José Luís Carvalhido da Ponte. 

Foto: Rádio AltoMinho (com a devida vénia...)


1. Por mão do Sousa de Castro (historicamente o membro nº 2 da Tabanca Grande,  editor do blogue CART 3494 & Camaradas da Guiné) chegou-nos este texto, da autoria do José Luís Carvalhido da Ponte,  ex-fur mil enf, CART 3494 (Xime e Mansambo,  1971/74)-

O Carvalhido da Ponte é também membro da nossa Tabanca Grande desde a primeira hora.  E tem colaborado na Rádio Alto Minho,  de Viana do Castelo,  com crónicas ou artigos de opinião como ele, que abaixo se reproduz com a devida vénia. Incluído na série "18º aniversário do nosso blogue", é também uma homenagem ao 25 de Abril de 1974 e aos homens que arriscaram a vida e a liberdade para nos devolver a democracia.

Opinião: Por Otelo!



"Em dada altura simpatizaste com a violência dos que não se compaginavam com as ameaças de regresso do 24 de abril, é verdade. E não o devias ter feito. Mas, sabes, um dia, Cristo 'passou-se dos carretos' e chicoteou todos os vendilhões do seu templo."

Recordar é, etimologicamente, o ato (-ar) de voltar a trazer (re-) ao coração (-cord-). Recordar é, pois, um exercício de memória. Mas este como que regurgitar emotivo é uma mentira. Na verdade, o coração atraiçoa-nos a memória. Se o que recordamos nos foi, no ato do desenlace, agradável, revivê-lo-emos com uma prazerosa e, não raro, aumentada nostalgia. Se, pelo contrário, nos magoou, remastigá-lo será sempre um momento de agigantado masoquismo. A mesma praia será morada dos deuses para quem nela pela primeira vez amou, e amaldiçoado inferno para quem no seu mar perdeu um ente amado.

Vem isto a propósito das reações contrárias que a morte de Otelo provocou em todos nós. Uns recordam, tão só, o estratega de Abril; outros aplaudem a justiça, ainda que tardia, de Cronos, que tornou possível a nossa liberdade, reconhecendo-lhe, muito embora, os momentos menos felizes, que até acabou por pagar à sociedade, na prisão.

Faço parte desta plêiade. Reconheço que Otelo foi um homem de excessos. Polémico, pois. Mas pagou, com a prisão, e foi amnistiado pelo estado português em 2004. Mas, mesmo que assim não fosse, foi o Atlas da nossa liberdade. Arriscou. Planeou. Convenceu. Liderou. Conseguiu. E fomos livres, e somos livres e tão livres que todos nós podemos, publicamente, expressar-nos e até podemos opinar sobre o comportamento do Governo e do atual Presidente da República, na gestão deste processo.




Foto (e legenda): © Jorge Araújo (2012). Todos os direitos reservados.
 [Edição:  Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Mas eu tenho inúmeras outras razões. Hoje partilho uma.

Era o dia 22 de abril de 1972. Eu não tinha ainda 22 anos e estava na Guiné-Bissau, como enfermeiro, desde o início de janeiro desse ano, integrado na Companhia de Artilharia 3494 (CART 3494).

Manhã cedo, o 4º Grupo de Combate partiu para a mata de Ponta Coli, para garantir a segurança à estrada Xime­-Bambadinca. Aguardava-os uma emboscada dos guerrilheiros do PAIGC.

Alguns de nós, que ainda dormíamos, acordamos com os estrondos das rebentações e, logo-logo o Capitão Vítor Manuel da Ponte da Silva Marques, que nada me era, mandou avançar reforços em, salvo erro, duas unimog’s militares. E que o enfermeiro também teria de ir. Naturalmente.

Chegamos à ponta Coli. Que desolação. Tantos feridos! Mas grave mesmo era o Furriel Manuel Bento, meu companheiro de abrigo, natural de Ponte de Sor, onde deixara uma jovem esposa e uma bébé que nunca mais veria. Ainda gemia, sabia lá eu porquê, de tão desfeito que estava. A cabeça esventrada. Juntei-lhe os bocados e aconcheguei-os no que restava da caixa craniana. Para que nada se perdesse e regressasse ao húmus, o mais inteiro possível. 

Éramos grandes amigos e falava-me da esposa e da filha, que terá hoje 50 anos, e da esperança de as rever, logo que pudesse gozar algum tempo de férias. Não chorei. Só à tardinha, no silêncio ocasional da barraca, que ambos partilháramos, sob uma imensa mangueira. Só à tardinha, ou às vezes, nestes 50 anos, quando o coração me prega a partida e permite a memória.

Abençoado sejas,  Otelo! A tua coragem livrou da morte muitos outros jovens e deu-nos a capacidade de sonharmos para além dos impossíveis. Em dada altura simpatizaste com a violência dos que não se compaginavam com as ameaças de regresso do 24 de abril, é verdade. E não o devias ter feito. Mas, sabes, um dia, Cristo “passou-se dos carretos” e chicoteou todos os vendilhões do seu templo. Ele, que falava de paz e mandava que nos amássemos uns aos outros, não quis pactuar com os que prostituíam os seus espaços sagrados. Disse que um dia voltaria para nos resgatar. Espero que demore um pouco mais a vir, não vão os doutores da lei da nossa modernidade mandar que o prendam, porque um dia foi violento.

Como me magoou a fraqueza titubeante dos nossos governantes que não souberam dar-te as honras devidas, no momento da tua última aventura.


Meadela, 28 de julho de 2021
José Luís Carvalhido da Ponte

Rádio Alto Minho (com a devida vénia)

[Fixação / revisão de texto / negritos e realce a amarelo: LG]

 
2. Nota biográfica, da autoria do Sousa de Castro, sobre o José Luís Carvalhido da Ponte:

(i) ex-fur mil enf, Cart 3494/BART 3873, sediada no Xime e mais tarde em Mansambo (Guiné, dezembro 1971 a abril 1974);

(ii) foi professor e diretor da Escola Secundária de Monserrate, Viana do Castelo;

(iii) tem vários trabalhos literários publicados:


 (iv) membro da Associação de Cooperação com a Guiné-Bissau e contando com o apoio do Rotary Clube de Viana do Castelo, é responsável pelo trabalho desenvolvido no Cacheu, cidade geminada com Viana do Castelo: muito dedicado à causa humanitária na Guiné-Bissau, para onde se desloca regularmente, tem procurado contribuir para o bem-estar daquele povo, nomeadamente na área da saúde.
__________

Nota do editor:

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14749: In Memoriam (222): Manuel Rocha Bento (Galveias, Ponte Sor, 1950 - Ponta Coli, Xime, 1972), fur mil at art, CART 3494, morto em combate, em 22/4/1972 (Alexandre Bento Mendes, seu sobrinho / Jorge Araújo, seu camarada de pelotão)




O nosso leitor Alexandre Bento Mendes, atualmente a viver em Vila Franca de Xira. É sobrinho do nosso saudoso camarada Manuel Rocha Bento (1950-1972), fur mil at art,  CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/74), natural de Galveias, Ponte Sor, onde está sepultado.


1. Mensagem do nosso leitor Alexandre Bento Mendes;

Data: 10 de junho de 2015 às 00:05
Assunto: Fotografias Fur. Manuel Rocha Bento


Boa Noite

Em primeiro lugar parabéns pelo blog, através dele pude conhecer a verdadeira história da morte do meu tio [, Manuel Bento].

Em segundo lugar queria perguntar se dispunham de mais fotos onde o meu tio esteja presente (além das constantes no blog) e caso haja, se me podem enviar por email.

Em último lugar gostaria de saber quando é que o meu tio chegou à Guiné para desempenhar a missão.

Vejo que uma das pessoas que foi colega dele e que o menciona é o Jorge Araújo, talvez se puder encaminhar este email, ele possa ajudar.

Obrigado, Cumpts, Alexandre Bento Mendes



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CART 3494 (1972/74) > Xime  > Alguns dias antes do 22 de abril de 1972, data da morte da morte,  em combate, do Manuel Bento. O trio de furriéis responsáveis pelo 4.º Gr Comb, que foram apanhados na emboscada na Ponta Coli, pousando antes de um «jogo da bola». Da esquerda para a direita,  o Manuel Bento, o Jorge Araújo e o Sousa Pinto.



Guiné > Zona leste > Setor L1 (Bambadinca) > CART 3494 (1972/74) > Xime > Ponte (nova) do Rio Udunduma > 1972 > > Da esquerda para a direita, os fur mil Manuel Rocha Bento e António Espadinha Carda.

Fotos (e legendas): © Jorge Araújo (2012). Todos os direitos reservados [Edição: LG]


2. A pedido do editor, resposta do Jorge Araujo [, foto atual à esquerda], no mesmo dia, ao Alexandre Bento Mendes

  Caro Alexandre,

O seu contacto de hoje, via Luís Graça, merece-me um carinho muito especial, particularmente pelos motivos que o fundamentam.

Por isso, saúdo-o, antes de mais, pela iniciativa que tomou em querer saber algo mais sobre a vida militar de seu tio [e meu/nosso camarada] Manuel Bento, morto em combate nas matas do Xime, na Guiné, naquele fatídico dia 22 de abril de 1972, fez agora quarenta e três anos.

O seu presente contacto é, com efeito, muitíssimo gratificante para nós, na justa medida em que através da recuperação e divulgação pública das nossas memórias, gravadas no decurso da nossa presença no Teatro de Operações da Guiné, recordamos alguns dos episódios mais marcantes dessa experiência ultramarina.

Os seus destinatários são muitos, desde logo o colectivo da unidade militar que connosco as partilhou, depois os seus familiares directos, independentemente do grau de parentesco, e finalmente a comunidade que nos lê, quer sejam aqueles que por lá passaram, quer sejam as novas gerações que delas foi dispensada, por via do 25 de Abril de 1974.

Não sei a sua idade, mas certamente que nasceu depois da data acima, o que torna o contacto ainda mais valioso.

O seu tio, como teve a oportunidade de constatar nos diversos postes que escrevi sobre as emboscadas na Ponta Coli [P9698 + P12232 + P14495], morreu a meu lado, oitenta dias depois de ter chegado ao Xime, um dia dramático para todos nós, ou quatro meses após o embarque no N/M Niassa, em Lisboa, em 22 de dezembro de 1971 [P12978], com passagem por Bolama durante um mês.

O facto tornou-se ainda mais dramático, pois sabíamos que ele tinha sido pai, deixando, assim, uma viúva e uma bebé órfã. Foram, de facto, indiscritíveis os dias que se seguiram. Mas tivemos de seguir em frente.

Caro Alexandre; para além das narrativas que estão publicadas no blogue de Luís Graça &  Camaradas da Guiné, outras semelhantes estão disponíveis no blogue da CART 3494, a sua unidade militar, bastando identificar na coluna da direita [etiquetas] o assunto/tema que mais lhe interesse.

Como no próximo sábado, dia 13 do corrente., iremos realizar um almoço-convívio em Vila Nova de Gaia, o 30.º, gostaria de lhes dar esta boa nova, se possível, através da publicação de um texto a publicar até lá. Para o efeito, gostaria que me fizesse chegar uma sua foto, acompanhada por algo mais que entenda por oportuno.

Ao dispor,

Receba um forte abraço,

Jorge Araújo.

3. Resposta do Alexandre,  com data de 15 do corrente:

 Boa Noite,  Jorge,

Eu pensava que ele tinha estado mais tempo na Guiné, porque li algumas cartas que ele enviava à irmã (minha mãe) e deu-me a sensação que ele teria vindo mais do que uma vez a Portugal, já depois de estar na Guiné...

No passado sábado dia 6 Junho, visitei o memorial em Belém com o nome dos militares que tombaram em combate e, quando cheguei a casa,  lembrei-me de escrever o nome do meu tio no google e ver o que me surgia... com grande espanto obtive as descrições, fotografias postadas por si.

Não sou realmente desse tempo, pois nasci em 1986, mas cresci a ver e conviver com a mágoa dos meus avós e da minha mãe pela saudade que o meu tio deixou.

É extraordinário que,  embora tenha falecido muito novo (com 22 anos),  ainda hoje é recordado na terra com carinho, por exemplo em 2007 houve um convívio entre colegas da terra (escola e afins) e foram colocar uma pedra na campa com uma dedicatória, isto passados 35 anos da sua morte.

É extremamente gratificante para mim, ter chegado à fala com alguém que privou de perto com ele nos momentos mais difíceis e que tenha infelizmente presenciado aquele trágico acontecimento a fim de hoje, através dos seus posts, me descreva as questões que me interrogavam no passado. Sabia-se que tinha sido uma granada, mas o descritivo, não.

Lamento só agora ter prestado atenção à data do almoço (dia 13 Junho), de qualquer forma anexo uma foto minha.

Pedia-lhe por favor, caso tenha mais fotos onde esteja o meu tio (além das que estão nos sites) se possível me digitalizasse e enviasse desde que não cause transtorno, naturalmente. (**)

Um Grande Abraço

Cumpts, Alexandre Mendes

______________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de:

3 de abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9698: O caso da ponta Coli, Xime-Bambadinca (Jorge Araújo)

1 de novembro de  2013 > Guiné 63/74 - P12232: A CART 3494 e as emboscadas na Ponta Coli (Xime, Bambadinca), 1972: A verdade dos números... (Jorge Araújo, ex-fur mil op esp, CART 3494 / BART 3873, Xime e Mansambo, 1972/74)
20 de abril de 2015 > Guiné 63/734 - P14495: História da CART 3494 (6): Recordando a 1ª emboscada na Ponta Coli em 22 de abril de 1972 e a morte do furriel Bento - A única baixa em combate da CART 3494 (Jorge Araújo)

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Guiné 63/74 - P12561: E fazíamos grandes jogatanas de futebol (3): O 'Jogo da Bola' nos intervalos da guerra: os craques da CART 3494 (Xime e Mansambo, 1972/74) ... (Jorge Araújo, ex-fur mil op esp)


Guiné > Zona leste > Setor L1 > Xime > CART  3494 > Uma equipa do 4.º Gr Comb (pormenor), o grupo que sofreu duas emboscadas na Ponta Coli (22 de Abril e em 1 de Dezembro de 1972). Em primeiro plano , da esquerda para a direita, estão o Teixeira (soldado), o Manuel Rocha Bento [fur mil, natural de Ponte Sor,  morto na emboscada de 22/4/1972, a única baixa em combate ao longo dos mais de vinte e sete meses de comissão da companhia],  o Jorge Araújo (furriel, autor deste poste), o Sousa Pinto (furriel) e o Monteiro (1.º cabo).

Foto (e legenda): © Jorge Araújo (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: L.G.]


1. Mensagem do Jorge Araújo [ex-Furriel Mil. Op Esp / Ranger, CART 3494 (Xime-Mansambo, 1972/1974)]:

Data: 18 de Outubro de 2013 às 15:16
Assunto: O "Jogo da Bola" nos Intervalos da Guerra de Guerrilha ...


Caríssimo Camarada Luís Graça,

Os meus melhores cumprimentos.

A ideia de escrever mais um pequeno apontamento histórico relacionado com as nossas vivências na Guiné, nos já distantes anos de 1972 a 1974, nasceu por influência de nova consulta ao nosso baú fotográfico, ainda que reduzido, mas onde existiam algumas imagens dos nossos tempos de lazer, em particular os registos sobre a prática do «jogo da bola», vulgo futebol.

Como eram relativas, maioritariamente, a camaradas da minha companhia (CART 3494), foi para eles
que enviei a primeira versão sobre o tema, como seria natural e normal, e publicada no blogue CART 3494 & camaradas da guiné (Vd. Msg 190).

Agora, como membro da Tabanca Grande,  entendi que se justificava dar conta, também, deste facto, independentemente de se tratar de um tema pouco abordado neste contexto, mas que merece, tal como os outros, um espaço de debate e de contraditório.

Espero merecer a V. concordância.

Obrigado pela atenção.

Jorge Araújo [, foto de então, à esquerda]


2. Comentário de L.G.:

Jorge, obrigado por te teres lembrado de que o tema da bola em tempo de guerra também nos interessa (ou deve interessar). Ou não fosses tu um homem da educação física!... Estamos de acordo sobre a importância que tem o exercício físico não só na preparção e manutenção da capacidade operacional do combatente como na proteção e promoção da saúde do indivíduo...

Por outro lado, nada do que diz respeito aos tempos passados no TO da Guiné nos é indiferente, desde a atividade operacional  à ocupação dos tempos livres entre duas operações... Dito isto, o teu texto já deveria ter sido pubklicado, atendendo á ordem (cronológica) de chegada. Estava devidamente sibnalizado (, este mais outros dois que estão  pendentes,), mas tenho que reconhecer publicamente que houve, da minha parte, uma descoordenação na atribuição de editor, assunto de que já te escclareci, internamente.

Resta-me pedir desculpa pelo lapso que não representa qualquer juízo de desmérito. Pleo contrário: o teu texto ganha atualidade com o desaparecimento do nosso ídolo de adoslecência, o Eusébio da Silva Ferreira (1942-2014), e com o início da publicação desta nova série, "E fazíamos grandes jogatanas de futebol"...O teu texto é ouro sobre azul e não haveria outra melhor oprotunidade editorial para o divulgar do que este início de 2014. Recebe o meu abraçlo fraterno, extensivo aos "heróis da bola" que tu, tão carinhosamente, aqui evocas, e que é também também uma homenagem ao único camarada da tua companhia que morreu em combate o Manuel Rocha Bento, de Ponte Sor (Passa a ter um descritor no nosso blogue, em homenagem à sua memória).

PS - Como tu bem exemplificas com o teu caso, o "jogo da bola", nas condições duríssimas da Guiné (terreno do campo de jogos, humidade do ar, temperatura, situação de guerra, falta de equipamento...) também não era isento de riscos (físicos); cabeças, braços e pernas partidas, luxações e outras lesões músculo-esqueléticas...


3. Guiné  > O jogo da bola nos intervalos da guerra: memórias de há 40 anos do Xime, Bambadinca e Mansambo (1972-73) 

Jorge Alves Araújo
ex-Furriel Mil. Op Esp / Ranger
CART 3494
(Xime-Mansambo, 1972/1974)

[Jorge Araújo, foto de então, à direita]


Revisitando, uma vez mais, o baú de memórias relacionadas com as vivências e experiências que fazem parte do nosso currículo militar construído no CTIGuiné, entre 1972 e 1974, organizadas por contexto e estruturadas segundo uma classificação que varia entre factos bons e menos bons (ou maus!), eis que, pelo presente, vos quero dar conta de uma prática lúdica que, tradicionalmente, ocorria a meio da tarde, depois de cumpridas as principais tarefas impostas pela natureza dos diferentes deveres.

Era, então, o tempo da prática a que chamo do «jogo da bola», vulgo futebol, e que despertava sempre grande entusiasmo no seio da nossa companhia (provavelmente semelhante à esmagadora maioria de outras unidades, das menos às mais numerosas), estando sempre garantida elevada adesão, quer fosse na qualidade de agentes activos (os jogadores), quer se tratasse de agentes passivos (os assistentes), fenómeno que continua a ser recorrente nos dias de hoje.

Contudo, era necessário a existência do objecto que dá sentido ao jogo – a bola – suscitando, a partir de então, um desejo crescente de a pontapear, constituindo-se, por essa via, como um poderoso meio de socialização.

Esta bola mágica, como lhe chamam muitos estudiosos do fenómeno, porque tem a propriedade de entrar em movimento em função das suas cinco dimensões: direcção, colocação, velocidade, rotação ou trajectória, faz depender o seu resultado da acção exógena que sobre ela é exercida. Deste modo, esta bola (todas as bolas!) tem, assim, um movimento variável e aleatório, por via de seguir um itinerário dependente do modo como é impelida, batida ou arremessada. Daí se considerar que a bola continua a ser um brinquedo que exerce sobre o Homem, jovem ou adulto, uma atracção que se renova permanentemente.

Praticada nos intervalos da guerra de guerrilha, esta que por definição emerge da táctica que utiliza (ataques rápidos seguidos de fuga; confronto indirecto; emboscadas; ataques surpresa, por via da grande mobilidade dos seus intervenientes), o «jogo da bola» contribuiu, de facto, para o desenvolvimento de competências relacionadas com factores tácticos, técnicos, psicológicos e físicos, quando analisado numa perspectiva endógena de superação ou transcendência de que cada jogo está impregnado, e que ajudou a lidar melhor com o “jogo do gato e do rato”, driblando o melhor possível as dificuldades/adversidades e os problemas colocados em cada situação pelo IN.


Quando alguém fazia surgir um exemplar da dita «bola mágica», mesmo que o seu aspecto/estado fosse igual ou pior que a imagem ao lado, logo nascia a vontade de a fazer rolar, organizando-se de imediato dois grupos informais, ainda que alguns dos seus intervenientes se encontrassem na fase de aprendizagem, por ausência de prática anterior, garantindo, a maioria das vezes, sucessivas desforras ou “tira teimas”, em função dos resultados, em novo intervalo da guerrilha, mas que acabariam por se revelarem de importantes no reforço da coesão de todo o colectivo da CART 3494, com influência positiva em palcos (recintos) mais adversos.

Após a conclusão de cada «jogo da bola», o processo de socialização mudava de terreno de prática, sendo transferido para o bar, onde os golos tinham outro sabor, e as conservas, os enchidos, a mancarra, a castanha de caju, e outras iguarias de ocasião, eram digeridos/as, igualmente, com grande prazer e satisfação, muitas das vezes em substituição da ementa da semana «arroz de estilhaços».

Aqui a vitória estava sempre garantida, erguendo-se os diferentes troféus conquistados, ainda que o tempo de jogo não fosse igual para todos os jogadores, passe a metáfora.



Foto n.º 1 – Xime (Maio de 1972) – Fase do jogo fora das quatro linhas, em que se verificou prolongamento. Da esquerda para a direita, os furriéis: Ferreira, Godinho, Araújo.


Em função do exposto, os testemunhos fotográficos que seguidamente se apresentam por ordem cronológica, referentes a este tema, reportam a momentos onde a câmara esteve presente. A qualidade de cada um não é a melhor, mas não nos podemos esquecer que todas as fotos têm mais de quarenta “chuvas” de vida e, tal como os humanos, vão sofrendo mutações.

A todos os camaradas que estiveram na zona leste da Guiné, ou os que por lá passaram, espero que tenham recordado as boas memórias dos vários locais identificados: Xime-Bambadinca-Mansambo, em particular os camaradas da minha companhia (CART 3494), ou aqueles que, em cada ocasião, tiveram o privilégio de nelas estarem incluídos, numa época em que cada um de nós teria apenas 21/22/23 anos, pois foi esse o principal objectivo que me moveu ao escrever mais esta singela retrospectiva histórica.

FOTOGALERIA




Foto n.º 2 – Xime (Abril de 1972) – Eu com uma postura à imagem e semelhança do saudoso José Maria Pedroto (1928-1985), treinador de futebol de alguns dos mais importantes clubes portugueses (FC Porto, Académica, Leixões, Varzim, Setúbal, Boavista e Guimarães), considerado o primeiro treinador português a concluir um curso superior, nascido na Freguesia de Almacave, Município de Lamego.

A cidade de Lamego acabaria por ficar ligada ao meu itinerário militar, uma vez que foi aí que ficou traçado o meu destino de combatente, com guia de marcha para a Guiné (BART 3873/CART 3494, formado no RAP 2, em Vila Nova de Gaia), na sequência da conclusão do curso de especialização em “Operações Especiais/Ranger”, no complexo do CIOE, de Penude.



Foto n.º 3 – Xime (Abril 1972) – Uma equipa do 4.º Gr Comb, o grupo que sofreu duas emboscadas na Ponta Coli – a primeira, em 22 de Abril de 1972; a segunda,  em 1 de Dezembro d1972 (Vd. Postes: 9698 e 9802).

Na 1.ª linha, da esquerda para a direita, estão o Teixeira (soldado), o Bento (furriel), o Araújo (furriel), o Sousa Pinto (furriel) e o Monteiro (1.º cabo).

Esta imagem foi obtida três semanas antes da primeira emboscada, onde viria a falecer o camarada Furriel Manuel Bento, natural da Ponte de Sor, e que seria a única baixa em combate registada pelo contingente metropolitano da CART 3494, nos mais de vinte e sete meses de comissão.



Foto n.º 4 – Xime (Abril 972) – Uma equipa mista da CART 3494. Imagem obtida quinze dias antes da primeira  emboscada na Ponta Coli, com destaque, na 1.ª fila, para o furriel Manuel Bento (o 1.º da direita) e o furriel Sousa Pinto (o 2.º da esquerda), falecido em 1 de Abril de 2012.


Foto n.º 5 – Xime (Abril 1972) – Fase muito animada de um «jogo da bola» no centro da parada do aquartelamento.



Foto n.º 6 – Bafatá (28 de Janeiro de 1973) – Equipa da CART 3494 que se deslocou a Bafatá para realizar um jogo com um misto de militares aquartelados naquela região.



Foto n.º 7 – Bafatá (28 de Janeiro de 1973) – Imagem referente aos preparativos de regresso ao Xime, após a conclusão do jogo.



Foto n.º 8 – Bafatá (28 de Janeiro de 1973) – Imagem referente à fase que antecedeu o início do jogo.



Foto n.º 9 – Bafatá (28 de Janeiro de 1973) – Imagem após a conclusão do jogo.



Foto n.º 10 – Mansambo (Abril 1973) – Equipa de sargentos e oficiais organizada após a transferência do Xime para Mansambo, ocorrida em Março de 73, em substituição da CART 3493, deslocada para Cobumba, localidade situada em pleno Cantanhez.

Em 1.º plano, da esquerda para a direita: os Furriéis: Araújo, Ferreira, Oliveira e Godinho. Em 2.º plano, segundo a mesma ordem: Correia (Alferes), Luciano Costa (Capitão – o 3.º da Companhia), Jesus (Furriel) e Araújo (Alferes).




Foto n.º 11 – Bambadinca (30 Set 1973) – Equipa mista constituída por elementos da CCS/BART 3873 e da CART 3494, escalada para os jogos (dois) com a CCS/BCAÇ 3872 (Galomaro).

Em 1.º plano, da esquerda para a direita: Costa, Ferreira, Romão, Sousa e Adérito. Em 2.º plano: Mesquita, Santos, Carrasqueiro, Alberto, Rainha, Araújo, Gonçalves e Oliveira.



Foto n.º 12 – Bambadinca (Novembro de 1973) – Imagem obtida no campo de futebol de Bambadinca (instalações do BART 3873), a meio da tarde, num contexto informal de prática lúdica.


Na sequência da nossa deslocação a Galomaro, o “prémio do jogo” foi a de me ter lesionado no rádio (osso), entre o estilóide radial e o escafóide, do braço esquerdo, obrigando-me a andar durante cinco semanas com ele engessado, como aliás, é possível observar na foto.

Do meu lado direito, e entre postes, está o ex-Furriel Comando, da 35ª CCmds, Américo Costa, colocado na CCS do Batalhão, na sequência de ferimentos em combate.

Um forte abraço para todos, com muita saúde e energia.

Jorge Araújo

Fotos (e legendas): © Jorge Araújo (2013). Todos os direitos reservados.
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Nota do editor:

Último poste da série > 7 de janeiro de 2014 > Guiné 63/74 - P12555: E fazíamos grandes jogatanas de futebol (2): Os craques da CCAÇ 12 e da CCS/BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) (Fotos de Benjamim Durães)


quarta-feira, 4 de abril de 2012

Guiné 63/74 - P9702: Efemérides (87): Homenagem aos 3 majores do CAOP, mortos a 20 de abril de 1970, no chão manjaco (António Graça de Abreu / Manuel Bento / MACOUPA)


Guiné > Teixeira Pinto (?) > CAOP / CTIG 1 > c. 1970 > Os  três majores, com população local. Da direita para a esquerda: Pereira da Silva, Passos Ramos e Magalhães Osório, ou Magalhães Osório e Passos Ramos (não sabemos se a ordem está correta).

Foto: Maria da Graça Passos Ramos / Círculo de Leitores. In: ANTUNES, J.F. - A Guerra de África: 1976-1974. Vol. II. Lisboa: Círculo de Leitores. 1995. (Com a devida vénia...).


1. Mensagem do nosso amigo e camarada António Graça de Abreu, com data de 12 de fevereiro último:

Junto envio cópia da  foto dos três majores  que está no II vol., pag. 716, de A Guerra de África, de José Freire Antunes, no depoimento do general Almeida Bruno, "Libertar Guidage". A fonte da foto é a esposa de um dos majores, Maria da Graça Passos Ramos.

Dei recentemente uma vista de olhos pelo livro da jornalista Felícia Cabrita intitulado Massacres em África, (Lisboa, Esfera dos Livros, 2008) que dedica trinta páginas (da 180 à 210) ao massacre dos três majores Passos Ramos, Magalhães Osório, Pereira da Silva, do alferes Mosca e dos dois intérpretes manjacos Aliu Sissé e Patrão, todos do CAOP 1, -  a que também pertenci -, na estrada Pelundo/Jolmete a 20 de Abril de 1970. O texto é muito interessante, bem elaborado e documentado e conclui com um sentido poema do general Roberto Durão, (irmão do meu coronel pára-quedista Rafael Durão, comandante do CAOP 1, 1971-1973) dedicado aos três majores.
           
Há uns meses atrás, o coronel Mário Machado Malaquias, meu superior, meu companheiro e meu amigo no CAOP 1 (Comando de Agrupamento Operacional 1) em Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 72/74, enviou-me também um poema, este de homenagem aos três majores. Tinha-o guardado consigo, ignorava quem era o autor do poema, apenas aparecia assinado MACOUPA e perguntou-me se o anónimo poeta não seria eu.

Não escrevi este poema, e tal como o coronel Mário Malaquias não sei quem é o autor (alguém no blogue pode ajudar a descobrir que é o MACOUPA?) mas, com uma ou duas alterações de pormenor, não me importava de o ter escrito. Aí vai:
           
            Brilharam sonhos e certezas,
            Flâmulas brancas esfacelando medos
            No erguer feliz do amanhã sem data.
            E a noite vomitou
            Ecos podres vomitando anseios,
            Ódios amassados na embriaguês de cinza e sangue
            A escarnecer o abraço impossível.
            Agora,
            Que valem escolas e bolanhas fartas
            Se os chacais uivam hálitos vermelhos.
            Que importa o ouro do suor de tantos
            Na promoção das gentes deste chão.
            Quem bebe o sangue vertido nestas matas
            Se o ódio enjeita as vidas ceifadas na rotina.
            Quem ousa meditar a crueza da verdade
            Sem se vergar ao peso da descrença.
            Ah, como eu amo o riso das crianças,
            Para ver de dentro o meu olhar parado
            E vestir ainda a minha alma nua
            Na sordidez de ideias da morte…
            Desenraizado guerrilheiro terrorista
            Vem medir o fundo deste olhar despido
            Que já luziu de esperança e de gestos.
            Vem beber o fel desta chacina
            E diz-me se ainda há sedes por matar.
            Vem.
            Aqui nas matas do Jolmete
            A luta de ideais enraizou na morte,
            Os homens bons que tu sacrificaste
            Acenam ainda o braço que rejeitas.
            Aqui,
            Desenraizado guerrilheiro terrorista
            Se lutas pela Verdade
            Ergue um santuário-mesquita-catedral
            E endeusa os mártires que tombaram de pé
            Pela Verdade,
            Pela Justiça,
            Pela Paz.


2. Comentário de L.G.:

Este poema já aqui tinha sido publicado,em 8 de março de 2011,  na sequência de uma mensagem do 1º cabo telegrafista Manuel Alberto Cunha Bento, membro da nossa Tabanca Grande. De qualquer modo, parece-nos justo e oportuno voltar a publicá-lo, neste mês de abril de 2012, em que se comemora o 42º aniversário deste trágico aontecimento. Tudo indica que o pseudónimo MACOUPA diga respeito a alguém do próprio CAOP/CTIG da época (mais tarde CAOP1), CAOP a que pertenciam os três malogrados majores:

(...) "Vi as várias noticias do massacre no Chão Manjaco,  onde os 3 Majores e o Alferes foram assassinados. Eu pertencia ao CAOP, era Cabo Telegrafista e estava sempre em contacto com os referidos oficiais.

"Alguém do Agrupamento [leia-se, do CAOP] lhes prestou uma homenagem por escrito e deu-me uma fotocópia que eu guardei nos meus arquivos, e que junto para ser inserida no blogue se acharem conveniente (...).
Manuel Alberto Cunha Bento [manuelben@gmail.com / Telem 969 609 701]" (...)

_

Fonte: Manuel Bento (2011).

 ________________

Nota do editor:

sábado, 12 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7932: Tabanca Grande (269): Manuel Alberto Cunha Bento, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do CAOP Teixeira Pinto (1969/71)

1. Em 5 de Março de 2011, o nosso camarada Manuel Alberto Cunha Bento (ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do CAOP Teixeira Pinto - 1969/71), enviou-nos esta mensagem:

Boa tarde colegas
Só ultimamente tenho entrado no blogue, mas sinceramente como não sou nenhum perito em informática é-me muito difícil compreender como isto funciona. Agora que estou reformado e tenho vagar, vou tentar descobrir.


Vi as várias noticias do massacre no CHÃO MANJACO, onde os 3 Majores e Alferes foram assassinados. Eu pertencia ao CAOP, era Cabo Telegrafista e estava sempre em contacto com os referidos oficiais.

Alguém do Agrupamento lhes prestou uma homenagem por escrito e deu-me uma fotocópia que eu guardei nos meus arquivos, e que junto para ser inserida no blogue se acharem conveniente.
Gostava de encontrar os seguintes camaradas, que além dos referidos oficias, também faziam parte do CAOP:

Alf Mil Giesteira, Fur Mil Bento, o Lisboa, o Nunes, o 2.º Cabo Faria, José Carlos e outros que agora não me lembro, pois fomos todos em rendição individual e éramos cerca de uma dúzia.

Por agora é tudo. Aguardo noticias.

Cumprimentos
Manuel Alberto Cunha Bento
manuelben@gmail.com
Telem 969 609 701


2. Esta mensagem que deu origem ao poste 7909, por sua vez originou a que se segue, com data de 10 de Março, também do nosso camarada Manuel Bento, manifestando a sua vontade de ser apresentado à Tertúlia:


Boa tarde camaradas
Cá estou a enviar as fotos solicitadas para poder integrar a nossa tertulia.
Uma fota actual e outra do tempo que estive na tropa.
Mando outra com todo o grupo que estava em apoio aos Comandantes do CAOP, ou seja, Coronel Alcino e os três malogrados Majores, nas diversas especialidades.


Ao centro está o Alferes Giesteira e o Furriel Bento que havia estado numa zona de muita porrada, Guileje ou Gandembel. Quando tínhamos de o acordar, quer fosse de dia ou noite, dava cada salto na cama pensando que era um ataque.

Embarquei em Lisboa em 23 de Fevereiro de 1969, após um ou 2 dias fomos informados do tremor de terra , e desembarquei em Bissau no cais de Pindjiguiti a 01 Março, indo para Teixeira Pinto onde fiz toda a comissão.

Embarquei de regresso a 8 Abril de 1971, chegando a Lisboa a 16.

Sou natural do Marco de Canaveses, mas habito em S. Mamede Infesta, Matosinhos.

Por hoje é tudo
Um abraço
manuelben@gmail.com
telem 969 609 701


3. Comentário de CV:

Caro Manuel Bento, bem-vindo à nossa Tabanca Grande.
Instala-te no melhor lugar para poderes participar contando as tuas experiências enquanto combatente no Chão Manjaco. Tendo tu vivido de perto os trágicos acontecimentos do dia 20 de Abril de 1970, poderás por ventura acrescentar mais pormenores ao nosso dossiê, elaborado com a colaboração de alguns dos nossos camaradas, com especial relevo para o nosso tertuliano Afonso Sousa.

Poderás aceder a este dossiê através destas ligações (clica nas palavras sublinhadas):
Afonso Sousa
e
Três Majores

Poderás se assim o entenderes sugerir correcções e/ou acrescentar elementos.

Posto isto, esperando de ti a melhor participação possível da tua parte, deixo-te um abraço de boas-vindas em nome da tertúlia e dos editores.

Carlos Vinhal
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 8 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7909: O Nosso Livro de Visitas (106): Manuel Alberto Cunha Bento, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista no CAOP 1

Vd. último poste da série de 3 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7893: Tabanca Grande (268): Vitor Raposeiro, ex-Fur Mil, Radiotelegrafista, STM (Aldeia Formosa, Bambadinca e Bula, 1970/72)

terça-feira, 8 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7909: O Nosso Livro de Visitas (106): Manuel Alberto Cunha Bento, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista no CAOP 1

1. Mensagem de Manuel Alberto Cunha Bento, ex-1.º Cabo Radiotelegrafista do CAOP (Chão Manjaco), com data de 5 de Março de 2011:

Boa tarde colegas
Só ultimamente tenho entrado no blogue, mas sinceramente como não sou nenhum perito em informática é-me muito difícil compreender como isto funciona. Agora que estou reformado e tenho vagar, vou tentar descobrir.

Vi as várias noticias do massacre no CHÃO MANJACO, onde os 3 Majores e Alferes foram assassinados. Eu pertencia ao CAOP, era Cabo Telegrafista e estava sempre em contacto com os referidos oficiais.

Alguém do Agrupamento lhes prestou uma homenagem por escrito e deu-me uma fotocópia que eu guardei nos meus arquivos, e que junto para ser inserida no blogue se acharem conveniente.

Gostava de encontrar os seguintes camaradas, que além dos referidos oficias, também faziam parte do CAOP:

Alf Mil Giesteira, Fur Mil Bento, o Lisboa, o Nunes, o 2.º Cabo Faria, José Carlos e outros que agora não me lembro, pois fomos todos em rendição individual e éramos cerca de uma dúzia.

Por agora é tudo. Aguardo noticias.

Cumprimentos
Manuel Alberto Cunha Bento
manuelben@gmail.com
Telem 969 609 701


Majores Joaquim Pereira da Silva e Raul Passos Ramos, Alf Mil Fernando Giesteira Gonçalves e Major Magalhães Osório
Foto: Maria da Graça Passos Ramos / Círculo de Leitores. In: ANTUNES, J.F. - A Guerra de África: 1976-1974. Vol. I. Lisboa: Círculo de Leitores. 1995. p. 373. (Com a devida vénia...).



2. Comentário de CV:

Caro Manuel Bento, muito obrigado pelo teu contacto e pelo envio da homenagem escrita feita aos camaradas, barbara e gratuitamente, assassinados no Chão Manjaco no dia 20 de Abril de 1970, tinha eu apenas três dias de Guiné.
Aquilo não foi um acto de guerra, foi um puro assassínio a sangue frio.

Esperemos que venhas a encontrar os camaradas que estiveram contigo no CAOP, como no teu tempo se designava, já que no dia 1 Agosto de 1970 passou a CAOP Oeste e poucos dias depois, no dia 22, a CAOP 1.
Temos na tertúlia um camarada, o ex-Alf Mil António Graça de Abreu, que esteve no já CAOP 1, entre 1972 e 1974.

Se quiseres aceitar, ficas desde já convidado a  integrar a nossa tertúlia, bastando para tal que nos envies uma foto tua actual e outra do tempo de tropa.
Diz-nos quando foste e quando regressaste e se estiveste sempre no CAOP em Teixeira Pinto.
Conta-nos uma pequena história para começares a participar, juntando algumas das fotos que tens guardadas.

Aceita um abraço em nome da tertúlia
O teu camarada
Carlos Vinhal
____________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 2 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7709: O Nosso Livro de Visitas (105): José Figueiral, ex-Alf Mil da CCAÇ 6 (Bedanda)